(Agora, com pouco tempo pra escrever, compartilho todos aqueles artigos, fotos...que considero significativo. Esse é muito bom! Vale a pena conferir!)
Eu
havia escrito que não apoiava os ateus, pois eles estavam aquém de “Deus está
morto”, de Nietzsche. E a filosofia segue com Nietzsche. Perguntar pela
existência de Deus seria algo sem sentido. Afinal, como crer ou não crer em
Deus se a metafísica acabou e seu oponente, o positivismo, se mostrou apenas o
outro lado da mesma moeda? Ridículo não ouvir Nietzsche!
Todavia,
descobri que estava pensando filosoficamente demais. Rorty diria:
“sobrefilosoficação”, no sentido de “over”.
Meu
filho Paulo Francisco Martins Ghiraldelli ,
que faz filosofia, me fez ver que eu estava errado. Foi ele que me lembrou
estatísticas, mostrando o quanto não-ateus acreditam em coisas que emperram
nossa vida, e que isso é o que faz com que gente como Daniel Dennett (ou
Dawkins) e outros grandes filósofos se ponham atualmente como militantes da
causa atéia.
Dennett
não é ateu por conta de teologia e, sim, por conta de política: ser ateu para
vários americanos e ingleses, hoje, é ser contra aquilo a que Deus está ligado
nesses países: culto de nacionalismo exacerbado, culto do militarismo (veja que
só Obama não tem repetido o “God Bless America” para lá e para cá), a defesa de
currículos escolares anticientíficos e a defesa de negação de direitos a
minorias, principalmente gays. Foi vendo esse lado político, que a juventude do
meu filho me corrigiu. Lembrou ao pai o dever da velha militância libertária!
No
Brasil de hoje, não estamos longe dessa calamidade: Deus ficou do lado errado!
Ponho
de lado os ateus que pregam ateísmo como quem quer fundar igreja, mas fico com
os ateus que entendem que a questão não é a crença em Deus, mas a crença em
Deus porque Ele está aliado ao que há de pior na Terra. O ateísmo político se
justifica por completo.
Paulo
Ghiraldelli, filósofo, escritor e professor da UFRRJ