15 de jun. de 2012

Ateus e não ateus


(Agora, com pouco tempo pra escrever, compartilho todos aqueles artigos, fotos...que considero significativo. Esse é muito bom! Vale a pena conferir!)

 

Eu havia escrito que não apoiava os ateus, pois eles estavam aquém de “Deus está morto”, de Nietzsche. E a filosofia segue com Nietzsche. Perguntar pela existência de Deus seria algo sem sentido. Afinal, como crer ou não crer em Deus se a metafísica acabou e seu oponente, o positivismo, se mostrou apenas o outro lado da mesma moeda? Ridículo não ouvir Nietzsche!
Todavia, descobri que estava pensando filosoficamente demais. Rorty diria: “sobrefilosoficação”, no sentido de “over”.
Meu filho Paulo Francisco Martins Ghiraldelli , que faz filosofia, me fez ver que eu estava errado. Foi ele que me lembrou estatísticas, mostrando o quanto não-ateus acreditam em coisas que emperram nossa vida, e que isso é o que faz com que gente como Daniel Dennett (ou Dawkins) e outros grandes filósofos se ponham atualmente como militantes da causa atéia.
Dennett não é ateu por conta de teologia e, sim, por conta de política: ser ateu para vários americanos e ingleses, hoje, é ser contra aquilo a que Deus está ligado nesses países: culto de nacionalismo exacerbado, culto do militarismo (veja que só Obama não tem repetido o “God Bless America” para lá e para cá), a defesa de currículos escolares anticientíficos e a defesa de negação de direitos a minorias, principalmente gays. Foi vendo esse lado político, que a juventude do meu filho me corrigiu. Lembrou ao pai o dever da velha militância libertária!
No Brasil de hoje, não estamos longe dessa calamidade: Deus ficou do lado errado!
Ponho de lado os ateus que pregam ateísmo como quem quer fundar igreja, mas fico com os ateus que entendem que a questão não é a crença em Deus, mas a crença em Deus porque Ele está aliado ao que há de pior na Terra. O ateísmo político se justifica por completo.
Paulo Ghiraldelli, filósofo, escritor e professor da UFRRJ