16 de mar. de 2012

Os 10 erros mais comuns nas festas escolares


Aulas perdidas, desrespeito à diversidade cultural e à liberdade religiosa... Saiba como evitar esses e outros equívocos

Durante o ano, temos 11 feriados nacionais - na média de um a cada cinco semanas -, um monte de datas para lembrar pessoas (Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, do Índio) e fatos históricos (Descobrimento do Brasil, Proclamação da República). Sem contar os acontecimentos de importância regional. Nada contra eles. O problema é que muitas vezes a escola usa o precioso tempo das aulas para organizar comemorações relacionadas a essas efemérides. O aluno é levado a executar tarefas que raramente têm relação com o currículo. [...]
A seguir, os dez principais equívocos dos eventos escolares.

1. Usar as datas festivas como base para o currículo
"Planejar o ano letivo seguindo efemérides desfavorece a ampliação de conhecimentos sobre fatos e conceitos", afirma Marília Novaes, psicóloga e uma das coordenadoras do programa Escola que Vale, de São Paulo. Exemplo? Dia do Índio. A lembrança não envolve estudos sobre as questões social, histórica e cultural das nações indígenas brasileiras. Para haver aprendizagem, é preciso muita pesquisa e mais do que um dia festivo [...] Sem contar os tópicos cuja expressividade é questionável (Semana da Primavera) ou controversa, como o Dia dos Pais e o das Mães: "Enfatizar datas comerciais como essas é ignorar as mudanças no perfil da família brasileira, que nem sempre conta com as duas figuras em casa", completa a psicóloga.

2. Desrespeitar a liberdade religiosa
Dos 11 feriados nacionais, cinco têm origem no catolicismo (Páscoa, Corpus Christi, Nossa Senhora Aparecida, Finados e Natal). As escolas que seguem essa religião lembram as datas. O problema é que as escolas públicas também. Segundo a Constituição da República, o Brasil é um Estado laico, ou seja, sem religião oficial. [...] Para Renata Violante, consultora pedagógica do Instituto Sangari, em São Paulo, os educadores não podem dar a entender que uma religião é superior a outra (quais são mesmo as datas importantes para espíritas, judeus, budistas, islâmicos e tantos outros?). Existem espaços próprios para cultos. Definitivamente, a escola não é um deles. As festas juninas são um caso à parte: elas se tornaram uma instituição e perderam o vínculo religioso. O enfoque folclórico, resgatando alguns hábitos e brincadeiras e a culinária do homem do campo, torna as mais democráticas.[...]

3. Confundir o currículo e o tema da festa
A festa não ter relação com o currículo é um problema. Mas outro tão grave quanto é usá-la como pretexto para ensinar. "Já que temos de fazer bandeirinhas para enfeitar barraquinhas, então vamos aproveitar para ensinar geometria", pensam alguns professores bem-intencionados, esquecendo que um ensino eficiente requer planejamento, avaliação inicial e contínua e uma seqüência lógica que leve à construção do conhecimento. [...]

4.  Subaproveitar as aulas de Arte
Não raro, o espaço que seria utilizado para essa disciplina é convertido em oficina de enfeites. Para colocar o aluno em situação de aprendizagem, é papel do professor de Arte propor atividades que favoreçam o percurso criador. [...] Na confecção de bandeirinhas, por exemplo, as crianças são orientadas a seguir um modelo preestabelecido sem dar espaço a suas marcas pessoais nem enfatizá-las. O modelo, que serviria apenas como referência para a elaboração de outras possibilidades, vira matriz para cópias [...] A produção do estudante deve ter um propósito maior do que atender à expectativa do professor. [...]

5.  Estereotipar os personagens
Caipira com dente preto e roupas remendadas em junho, cocares e instrumentos de percussão em meados de abril. Esses estereótipos não correspondem à realidade. Homens e mulheres que moram no interior não se vestem dessa maneira, e os índios brasileiros vivem em contextos bem diferentes. [...]

6. Obrigar todos a participar
"Professora, não quero dançar", diz um. "Tenho vergonha de falar na frente de todo mundo", avisa outro. Quem já não ouviu essas frases dias antes de um evento escolar? Quando a festa nada tem a ver com a aprendizagem, os alunos não são obrigados a participar. Nesses casos, é proibido causar qualquer tipo de constrangimento a eles. [...] "Quem não tem condição de arcar com uma fantasia para os filhos fica envergonhado e não participa. Fala-se tanto em inclusão, mas as festas às vezes excluem."

7. Não ter uma finalidade certa para os recursos arrecadados
Pequenas reformas, mobiliário novo, material pedagógico... Quando a verba que vem da secretaria não dá para comprar tudo, pensa-se em festa para arrecadar fundos. A comunidade é convidada, participa, gasta, e muitas vezes não fica sabendo o destino dos recursos [...] A solução é divulgar o objetivo da iniciativa e prestar contas quando o bem for adquirido...

8. Ter como objetivo principal apenas atrair os pais
Eles não costumam ir às reuniões, não conversam com os professores sobre o avanço dos filhos e mal conhecem a escola. Os diretores pensam: "Quem sabe, para se divertirem, os pais venham até nós". Embora os momentos de confraternização com os familiares sejam importantes, eles não devem ser a única maneira de envolvê-los. Reuniões marcadas com antecedência e planejadas para compartilhar o processo de aprendizagem e a produção intelectual, artística e esportiva das crianças são as iniciativas que exibem os melhores resultados quando o objetivo é atrair e conquistar as famílias.

9. Usar as festas como única maneira de socializar a aprendizagem
Um dos objetivos da escola deve ser exibir a produção intelectual e artística do aluno, principalmente aos pais, nas mais variadas ocasiões. Fazer uma festa é apenas uma possibilidade, por isso não deve ser usada em excesso. [...]

10. Jogar tempo fora
Usar a sala de aula ou o período que deveria ser dedicado a atividades pedagógicas para os preparativos é um desrespeito com as crianças e com o compromisso que a escola tem de ensinar [...] Se a festa não é concebida como maneira de contextualizar os conteúdos aprendidos, ela deve ser organizada sempre em horários alternativos aos das aulas.

Tem de ter festa!
Ninguém é contra festas, desde que elas sejam para recreação pura e simples ou uma maneira de socializar o aprendizado. As do primeiro tipo podem envolver todos e ser muito divertidas, desde que não ocupem o tempo de sala de aula na organização. Já as que são planejadas para finalizar o estudo de determinado conteúdo exigem muito preparo. Quando o evento faz parte do projeto didático, o tema precisa ser previsto no currículo [...]. Antes de bolarem o evento junto com o professor, os alunos certamente serão convidados a pesquisar, levantar hipóteses, realizar diversos tipos de registros e trocar conhecimentos com os colegas. Já que a festa é uma das etapas do processo, fica proibido deixar alguém de fora. Se um aluno não quiser participar por qualquer motivo, cabe ao professor envolvê-lo e ajudá-lo a superar as dificuldades que surgirem, seja em relação a timidez, seja em relação a habilidades de comunicação.


10 comentários:

  1. Gostei do resumo que fizestes da matéria, inclusive linkei seu post em um grupo no Facebook.
    Muito já se falou sobre os equívocos em festas escolares, porém ainda há escolas que incorrem nestes erros.
    É necessário uma releitura e análise mais aprofundada das efemérides, principalmente as que envolvem cultura, como o dia do Índio, da consciência negra...

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  2. Olá!Boa noite!Amiga!
    Vixe...sinceramente, eu não posso comentar nada, porque a sua postagem, está bem feita!
    Somente que no item 8... penso que falta ALGO além das reuniões marcadas com antecedências para compartilhar o processo de aprendizagem...
    Sabe-se que muitas famílias trabalhadoras, não tem condições de acompanhar o processo...e por isso creio q as escolas tem que procurar oportunizar alternativas, sem desvalorizar a classe social destas...
    Boom final de semana!
    Beijos

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  3. Excelente resumo e matéria. Muito bom se mais profissionais da educação se conscientizasse da importância do respeito às diferenças....no fundo é disso que trata o texto.
    ótima escolha. Bjsss!

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  4. Gostei muito da síntese e da escolha. Concordo em gênero, número e grau com o que o texto diz. Seria muito bom se mais profissionais da educação pensassem dessa forma.
    Beijo e boa semana!!!!

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  5. Seu blog é muito bom, sempre aprendo um pouco mais quando o visito.
    Grande abraço e sucesso!

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  7. ooi Rejane, realmente, agora que estou me formando e fazendo estágio, pude perceber o quanto a escola peca em alguns eventos talvez alguns não tenham tanta necessidade quanto outros, mas o problema está em como elaborar uma forma mais eficaz para resolver esse problema :D
    beijãao
    Matheus
    http://amaralstarlight.blogspot.com.br/

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  8. Muito lindo seu blog,Estou seguindo...Beijão

    http://elisanesilva.blogspot.com.br/

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  9. Ola regina!!
    É o Half do falameiosangue.blogspot.com
    Estou com um novo blog...
    estás afim de fazer parceria com este também?(o outro está inativo, pode excluir se quiser)

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  10. Esqueci :D

    aqui o link:
    http://letrasavoadas.blogspot.com.br/

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