Então, após três anos do ocorrido, eu o conheci. E
também os seus filhos. Rodrigo era um homem bonito, educado e muito gentil além
de parecer um pai muito dedicado. Começamos a sair, a namorar e em pouco tempo
estávamos passando os finais de semana e férias de final de ano juntos. Mas o
foco desse meu escrito não é Rodrigo, mas sim a relação entre a sua filha
adolescente e eu.
Júnior quando me conheceu foi amor à primeira vista.
Logo que me via corria a me abraçar e contar as novidades da sua escola, dos
seus amigos ou alguma aventura sua. Algumas vezes gostava de fazer de conta que
eu era a sua mãe.
Com Cristina foi justamente o oposto: Virava a cara
pra mim, discordava de tudo o que eu falava e constantemente me agredia
verbalmente e ao seu pai, quando estávamos juntos. Talvez por eu conhecer tudo
o que ela já tinha passado, só conseguia sentir carinho por essa menina. E
tentei muitas vezes o diálogo, um olhar afetuoso... mas nada.
O ápice desse nosso relacionamento ‘madrasta-enteada’
deu-se durante um passeio de fim-de-semana na praia de Tramandaí: Eu tinha
visto um vestido indiano de cor azul e me apaixonado por ele. Rodrigo não
pensou duas vezes em comprá-lo para mim. Ao chegarmos ao hotel, Cristina foi
até o meu armário e, com uma tesoura, o rasgou todo.
Quando entramos no quarto e vimos meu vestido
totalmente rasgado e jogado no chão, Rodrigo gritou ferozmente pelo nome da
filha, que estava no quarto ao lado. Como ela não apareceu, Rodrigo foi até o
quarto dela e a trouxe na marra. Já em nosso quarto Rodrigo, muito alterado e
apontando pro vestido rasgado, perguntou o que ela tinha a dizer sobre isso.
Ela afirmou que rasgou o vestido, sim e que não estava nada arrependida porque
sabia que eu só queria era roubar a família dela, me fazendo de boazinha.
Enquanto eles brigavam, eu olhava tudo atônita, sentindo
por Cristina uma mistura de raiva pelo vestido rasgado e uma espécie de
compaixão por tudo o que ela estava sentindo.
Num determinado momento dessa discussão entre eles,
Rodrigo dá um tapa no rosto da sua filha. Ela em prantos responde que a culpa é
toda minha e, se dirigindo ao seu pai, diz que se ele quiser que fique comigo,
pois ela vai embora. Ele responde que ela vá, então. Ela, chorando e
visivelmente magoada sai do quarto. Eu, sem conseguir dar uma palavra e me
sentindo culpada e triste por provocar sentimentos tão negativos em alguém.
No dia seguinte, durante o café da manhã, nenhuma
palavra. Até mesmo Junior que adorava um papo à mesa ficou calado. E como o dia
estava chuvoso, permanecemos no hotel. Júnior foi brincar com um grupo de
amigos na sala de jogos, Rodrigo decidiu que iria nadar na piscina do hotel e
Cristina foi pro seu quarto. Pensei um pouco e decidi que precisava conversar
com Cristina, que precisa ao menos tentar colocar os pingos nos ‘is’.
A porta do quarto estava entreaberta e a encontrei
chorando. Pedi licença e disse que precisava conversar. Ela apenas me olhou. Comecei
falando do meu desejo de formar uma família, de como seu pai sempre falou com
carinho dos seus filhos para mim e de como isso me encantou nele. Falei que
conhecia um pouco da sua história e sentia, sinceramente por isso...
De repente, enquanto eu falava com ela, minha voz
falhou e eu comecei a chorar. Nesse exato momento eu vi no olhar de Cristina algo
parecido com ternura. Ela se aproximou de mim e, envergonhada, me pediu
desculpas. Eu apenas abri meus braços enquanto a olhava. Ela me abraçou e
novamente se desculpou. Tempos depois ela me confessou o que eu já havia
percebido: Ela disse que sentia algo parecido como um medo de gostar de mim e
ser magoada como aconteceu anteriormente com a ex-mulher do seu pai. A partir
desse episódio nossa relação tumultuada se transformou completamente e nós nos
tornamos grandes amigas e confidentes.
Meses depois Rodrigo e eu terminamos nosso namoro por
motivos que não vem ao caso nesse momento, mas que daria uma nova e boa
história. Porém, Cristina e eu continuamos muito apegadas e nos falando quase
diariamente, até hoje.
Adorei ler essa história de amor familiar
ResponderExcluirRealmente o amor vence tudo.
Rejane,
ResponderExcluirprimeiro quero te agradecer pela visita ao meu blog, e depois te dizer que eu não sabia que tu tinhas um também :)
Muito interessante teu texto e confesso que fiquei na dúvida se é ficção ou realidade... enfim. De qualquer forma o argumento é que se faz mais importante, e o tanto que os laços familiares podem ficar abalados com as perdas e os acréscimos de outras pessoas nessa relação. Mas sempre haverá espaço ao diálogo e à tentativa de dar certo, e pelo que entendi, foi o que aconteceu.
Muito bem-escrito!
Beijos!
Olá Rejane!
ResponderExcluirOpa valeu por curtir o blog!
Nossa, mas que linda essa parte de sua história. Meus pais também são divorciados mas graças aos deuses sempre me dei super bem com meu padastro e ele comigo, o vejo quase que como um segundo pai.
Foi muito bonito como você e sua enteada se entenderam. Não conhecia seu blog, agora lerei os outros posts!
Espero contar com sua presença neles outras vezes!
bjs
Olá Rejane!
ResponderExcluirOpa valeu por curtir o blog!
Nossa, mas que linda essa parte de sua história. Meus pais também são divorciados mas graças aos deuses sempre me dei super bem com meu padastro e ele comigo, o vejo quase que como um segundo pai.
Foi muito bonito como você e sua enteada se entenderam. Não conhecia seu blog, agora lerei os outros posts!
Espero contar com sua presença neles outras vezes!
bjs
Bonita história que li com muito interesse,
ResponderExcluirBeijo e boa semana
Graça
Muito linda essa história.
ResponderExcluir:)
Emocionei.
Quanta ternura nessa história!
ResponderExcluirAdorei ter lido. Delícia mesmo
Bjsinho